Projeto inédito em SC, em parceria com o Governo do Estado,
orientou moradores da Frei Damião sobre como criarr e conduzir pequenos
negócios
O empreendedorismo pode ser a ferramenta que vai mudar a
realidade socioeconômica da comunidade Frei Damião, a maior favela do Estado,
em Palhoça. Neste sábado (15/6) das 9h às 17h, o Sebrae/SC e o Governo do
Estado realizaram atendimento à comunidade para ensinar como montar e legalizar
pequenos negócios. O evento atraiu 78 moradores, dos quais 31 são mulheres, a
maioria delas já microempreendedoras que buscam a formalização, e os demais
interessados na abertura de um pequeno negócio.
A iniciativa inédita em Santa Catarina foi aplicada pela
primeira vez no bairro Frei Damião pelo projeto Territórios, que busca melhorar
os indicadores socioeconômicos das 90 regiões de menor IDH de SC por meio do
empreendedorismo. Na comunidade, 61% da população vive em residências cujas
rendas variam entre 1/4 a um salário mínimo.
Um exemplo de que nosso Estado, mesmo estando entre os que têm o melhor
IDH do País, também registra um grande contraste: tem 74 bolsões ou aglomerados
de extrema pobreza.
O coordenador do projeto no Sebrae/SC, Fabio Zanuzzi,
explica que a comunidade de Palhoça foi escolhida por ser considerada o maior
aglomerado subnormal do Estado (definição do IBGE para conjunto com mais de 51
habitações carentes de serviços públicos essenciais). Além disso, estudos de
viabilidade e mapeamento de oportunidades de negócios na região, realizados
pelo programa, apontam o potencial empreendedor do bairro. “Prova disso foi a
quantidade de pessoas que nos procuraram no sábado. Além daqueles que querem
abrir seus negócios, percebemos a preocupação dos empreendedores locais em
formalizar e investir mais em suas pequenas empresas”, avalia.
Durante todo o dia, técnicos do Sebrae/SC que atuam no
programa Territórios também prestaram orientações individuais sobre obtenção de
crédito e planejamento, abertura e administração de pequenas empresas. Além de
pessoas que buscaram informações sobre como começar um negócio, vários
empreendedores do bairro procuraram orientação para formalizar suas empresas e
para investir e ampliar os negócios já existentes. “A maioria das pessoas que
nos procuraram está interessada em bares, restaurantes e lanchonetes. Mas
também tem aqueles que querem investir em reciclagem de resíduos, salão de
beleza e até na ampliação dos negócios, como o caso do dono de um mini-mercado
que quer incluir um açougue na empresa”, aponta Zanuzzi.
Ao analisar este perfil, ele conclui que apesar de ser um
bairro cujos serviços essenciais, como abastecimento de água, fornecimento de
energia e coleta de lixo são precários, é uma região que pode prosperar muito
com o fomento de pequenos negócios. “Tem um vasto contingente de jovens e já há
algumas empresas informais. O que falta é trabalhar este potencial
adequadamente”, avalia. Da população, 29% têm entre 15 e 29 anos e 32% estão na
faixa entre 30 e 64 anos.
O Projeto Territórios é vinculado ao programa Nova
Economia@SC, desenvolvido pelo Sebrae/SC e Secretaria de Estado do
Desenvolvimento Econômico Sustentável. Busca proporcionar o desenvolvimento de
regiões de baixo IDH em Santa Catarina estimulando e incentivando a criação e o
desenvolvimento de pequenos negócios, contribuindo para a melhoria de qualidade
de vida no Estado e para o seu crescimento de forma mais uniforme.
Raio X da comunidade Frei Damião:
+ 5.141 pessoas residem no Frei Damião, sendo 29% com idade
entre 15 e 29 anos, 32% na faixa entre 30 e 64 anos e 37% de zero a 14 anos.
Apenas 2% têm 65 anos ou mais.
+ Pouco mais da metade são de sexo masculino (50,07%), sendo
49,93% do sexo feminino.
+ Bairro de baixa renda, tem 61% de seus moradores vivendo
em residências onde a renda total varia de 1/4 a um salário mínimo. E em 64
unidades habitacionais a família não possui renda.
+ Apesar de existirem quase 150 pessoas que fazem alguma
atividade relacionada a comércio de produtos e serviços, apenas 7 se reconhecem
como empresários ou empreendedores.
+ O bairro tem 1.346 domicílios (casas e barracos), a
maioria carentes de serviços públicos essenciais e ocupando (ou tendo ocupado
até recentemente) terreno de propriedade alheia, de forma desordenada e
adensada.
+ Só 265 residências estão ligadas à rede de esgoto
sanitário, e 10 casas sequer possuem banheiro ou vaso sanitário.
+ Todos os domicílios possuem energia elétrica, mas a coleta
de lixo não alcança 152 deles.
Fonte: Sebrae/SC - Projeto Territórios, integrante do
Programa Nova Economia@SC, desenvolvido pela entidade em parceria com o Governo
do Estado.
O Programa Territórios
++ Vinculado ao programa Nova Economia@SC, do Sebrae/SC e da
Secretaria de Estado do Desenvolvimento Sustentável (SDS), tem por objetivo
fomentar o desenvolvimento socioeconômico dos 90 territórios de menor IDH de
Santa Catarina. Para isto, incentiva e
estimula a criação e o desenvolvimento de pequenos negócios, com a participação
da comunidade local e articulando parcerias institucionais públicas e privadas.
++ O município de menor IDH atendido pelo programa é Cerro
Negro, no Planalto Serrano, cujo indicador de desenvolvimento, segundo o IBGE é
0,686 (os indicadores variam de 0,0 a 1,0).
++ Foram selecionadas as 90 localidades de menor IDH (entre
municípios e bairros), de todas as regiões do Estado. Nas cidades, foram
realizadas:
- sensibilização com associações e coma comunidade, para
incentivar a adesão ao projeto;
- Levantamento de dados secundários, com os órgãos
competentes (renda, saneamento básico, escolaridade, entre outros);
- Levantamento de oportunidades de negócios em cada região,
em que uma equipe técnica realizou entrevistas com lideranças locais que
renderam mais 50 horas de gravações;
- Elaboração de um plano de desenvolvimento para cada
região.
++ Os locais atendidos pelo programa são:
Território Extremo Sul : Ermo; Jacinto Machado; Praia
Grande; Santa Rosa do Sul; São João do Sul; Timbé do Sul.
Território Vale do Itajaí: Apiúna; Presidente Nereu, Vidal
Ramos; Leoberto Leal; Blumenau (1 Bairro carente) e Rio do Sul (1 Bairro
carente).
Território Foz do Itajaí e Grande Florianópolis: Itajaí (1
Bairro carente) e Palhoça (1 bairro carente).
Território Serra Catarinense: Abdon Batista, Anita
Garibaldi, Bocaina do Sul, Bom Jardim da Serra, Bom Retiro, Brunópolis, Campo
Belo do Sul, Capão Alto, Celso Ramos, Cerro Negro, Correia Pinto, Curitibanos,
Frei Rogério, Monte Carlo, Painel, Palmeira,Ponte Alta do Norte, Ponte alta,
Rio Rufino, Santa Cecília, São Cristovão
do Sul, São Joaquim, São José do Cerrito, Vargem.
Território Extremo Oeste: Anchieta, Barra Bonita, Campo Erê,
Dionísio Cerqueira, Flor do Sertão, Jardinópolis, Romelândia, Saltinho, Santa
Terezinha do Progresso, São Bernardino, São Miguel da Boa Vista, Sul Brasil,
Tigrinhos.
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