segunda-feira, 17 de junho de 2013

Sebrae/SC identifica potenciais empreendedores na maior favela catarinense


Projeto inédito em SC, em parceria com o Governo do Estado, orientou moradores da Frei Damião sobre como criarr e conduzir pequenos negócios
O empreendedorismo pode ser a ferramenta que vai mudar a realidade socioeconômica da comunidade Frei Damião, a maior favela do Estado, em Palhoça. Neste sábado (15/6) das 9h às 17h, o Sebrae/SC e o Governo do Estado realizaram atendimento à comunidade para ensinar como montar e legalizar pequenos negócios. O evento atraiu 78 moradores, dos quais 31 são mulheres, a maioria delas já microempreendedoras que buscam a formalização, e os demais interessados na abertura de um pequeno negócio.
A iniciativa inédita em Santa Catarina foi aplicada pela primeira vez no bairro Frei Damião pelo projeto Territórios, que busca melhorar os indicadores socioeconômicos das 90 regiões de menor IDH de SC por meio do empreendedorismo. Na comunidade, 61% da população vive em residências cujas rendas variam entre 1/4 a um salário mínimo.  Um exemplo de que nosso Estado, mesmo estando entre os que têm o melhor IDH do País, também registra um grande contraste: tem 74 bolsões ou aglomerados de extrema pobreza.

O coordenador do projeto no Sebrae/SC, Fabio Zanuzzi, explica que a comunidade de Palhoça foi escolhida por ser considerada o maior aglomerado subnormal do Estado (definição do IBGE para conjunto com mais de 51 habitações carentes de serviços públicos essenciais). Além disso, estudos de viabilidade e mapeamento de oportunidades de negócios na região, realizados pelo programa, apontam o potencial empreendedor do bairro. “Prova disso foi a quantidade de pessoas que nos procuraram no sábado. Além daqueles que querem abrir seus negócios, percebemos a preocupação dos empreendedores locais em formalizar e investir mais em suas pequenas empresas”, avalia.
Durante todo o dia, técnicos do Sebrae/SC que atuam no programa Territórios também prestaram orientações individuais sobre obtenção de crédito e planejamento, abertura e administração de pequenas empresas. Além de pessoas que buscaram informações sobre como começar um negócio, vários empreendedores do bairro procuraram orientação para formalizar suas empresas e para investir e ampliar os negócios já existentes. “A maioria das pessoas que nos procuraram está interessada em bares, restaurantes e lanchonetes. Mas também tem aqueles que querem investir em reciclagem de resíduos, salão de beleza e até na ampliação dos negócios, como o caso do dono de um mini-mercado que quer incluir um açougue na empresa”, aponta Zanuzzi.
Ao analisar este perfil, ele conclui que apesar de ser um bairro cujos serviços essenciais, como abastecimento de água, fornecimento de energia e coleta de lixo são precários, é uma região que pode prosperar muito com o fomento de pequenos negócios. “Tem um vasto contingente de jovens e já há algumas empresas informais. O que falta é trabalhar este potencial adequadamente”, avalia. Da população, 29% têm entre 15 e 29 anos e 32% estão na faixa entre 30 e 64 anos.
O Projeto Territórios é vinculado ao programa Nova Economia@SC, desenvolvido pelo Sebrae/SC e Secretaria de Estado do Desenvolvimento Econômico Sustentável. Busca proporcionar o desenvolvimento de regiões de baixo IDH em Santa Catarina estimulando e incentivando a criação e o desenvolvimento de pequenos negócios, contribuindo para a melhoria de qualidade de vida no Estado e para o seu crescimento de forma mais uniforme.


Raio X da comunidade Frei Damião:
+ 5.141 pessoas residem no Frei Damião, sendo 29% com idade entre 15 e 29 anos, 32% na faixa entre 30 e 64 anos e 37% de zero a 14 anos. Apenas 2% têm 65 anos ou mais.
+ Pouco mais da metade são de sexo masculino (50,07%), sendo 49,93% do sexo feminino.
+ Bairro de baixa renda, tem 61% de seus moradores vivendo em residências onde a renda total varia de 1/4 a um salário mínimo. E em 64 unidades habitacionais a família não possui renda.
+ Apesar de existirem quase 150 pessoas que fazem alguma atividade relacionada a comércio de produtos e serviços, apenas 7 se reconhecem como empresários ou empreendedores.
+ O bairro tem 1.346 domicílios (casas e barracos), a maioria carentes de serviços públicos essenciais e ocupando (ou tendo ocupado até recentemente) terreno de propriedade alheia, de forma desordenada e adensada.
+ Só 265 residências estão ligadas à rede de esgoto sanitário, e 10 casas sequer possuem banheiro ou vaso sanitário.
+ Todos os domicílios possuem energia elétrica, mas a coleta de lixo não alcança 152 deles.
Fonte: Sebrae/SC - Projeto Territórios, integrante do Programa Nova Economia@SC, desenvolvido pela entidade em parceria com o Governo do Estado.
O Programa Territórios
++ Vinculado ao programa Nova Economia@SC, do Sebrae/SC e da Secretaria de Estado do Desenvolvimento Sustentável (SDS), tem por objetivo fomentar o desenvolvimento socioeconômico dos 90 territórios de menor IDH de Santa  Catarina. Para isto, incentiva e estimula a criação e o desenvolvimento de pequenos negócios, com a participação da comunidade local e articulando parcerias institucionais públicas e privadas.
++ O município de menor IDH atendido pelo programa é Cerro Negro, no Planalto Serrano, cujo indicador de desenvolvimento, segundo o IBGE é 0,686 (os indicadores variam de 0,0 a 1,0).
++ Foram selecionadas as 90 localidades de menor IDH (entre municípios e bairros), de todas as regiões do Estado. Nas cidades, foram realizadas:
- sensibilização com associações e coma comunidade, para incentivar a adesão ao projeto;
- Levantamento de dados secundários, com os órgãos competentes (renda, saneamento básico, escolaridade, entre outros);
- Levantamento de oportunidades de negócios em cada região, em que uma equipe técnica realizou entrevistas com lideranças locais que renderam mais 50 horas de gravações;
- Elaboração de um plano de desenvolvimento para cada região.
++ Os locais atendidos pelo programa são:
Território Extremo Sul : Ermo; Jacinto Machado; Praia Grande; Santa Rosa do Sul; São João do Sul; Timbé do Sul.
Território Vale do Itajaí: Apiúna; Presidente Nereu, Vidal Ramos; Leoberto Leal; Blumenau (1 Bairro carente) e Rio do Sul (1 Bairro carente).
Território Foz do Itajaí e Grande Florianópolis: Itajaí (1 Bairro carente) e Palhoça (1 bairro carente).
Território Serra Catarinense: Abdon Batista, Anita Garibaldi, Bocaina do Sul, Bom Jardim da Serra, Bom Retiro, Brunópolis, Campo Belo do Sul, Capão Alto, Celso Ramos, Cerro Negro, Correia Pinto, Curitibanos, Frei Rogério, Monte Carlo, Painel, Palmeira,Ponte Alta do Norte, Ponte alta, Rio Rufino, Santa Cecília,  São Cristovão do Sul, São Joaquim, São José do Cerrito, Vargem.

Território Extremo Oeste: Anchieta, Barra Bonita, Campo Erê, Dionísio Cerqueira, Flor do Sertão, Jardinópolis, Romelândia, Saltinho, Santa Terezinha do Progresso, São Bernardino, São Miguel da Boa Vista, Sul Brasil, Tigrinhos.

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