Carmina Burana ( /ˈkɑrmɪnə bʊˈrɑːnə/; Latim para "Canções de Beuern" ("Beuern" é abreviação de Benediktbeuern) é o nome dado a poemas e textos dramáticos manuscritos de 2541 As peças são em sua maioria picantes, irreverentes e satíricas e foram escritas principalmente em latim medieval, algumas partes em médio-alto-alemão e alguns com traços de Francês antigo ou provençal. Há também partes macarrônicas, uma mistura de latim vernáculo, alemão ou francês.
Os manuscritos refletem um movimento europeu "internacional", com canções originária de Occitânia, França, Inglaterra, Escócia,Aragão, Castela e do Sacro Império.2
Vinte e quatro poemas do Carmina Burana foram musicalizados por Carl Orff em 1936; a composição de Orff rapidamente se tornou popular, o movimento de abertura e de fecho "O Fortuna", tem sido utilizada em filmes e eventos se tornando a peça clássica mais ouvida desde que foi gravada.
A cantata
O compositor alemão Carl Orff musicou alguns dos Carmina Burana, compondo uma cantata homônima. Com o subtítulo "Cantiones profanae cantoribus et choris cantandae", a obra, por suas características, pode ser definida também como uma "cantata cênica". Estreou em junho de 1937, em Frankfurt e faz parte da trilogia "Trionfi" que Orff compôs em diferentes períodos, e que compreende os "Catulli carmina" (1943) e o "Trionfo di Afrodite" (1952).
A cantata é emoldurada por um símbolo da Antiguidade — a roda da fortuna, eternamente girando, trazendo alternadamente boa e má sorte. É uma parábola da vida humana exposta a constante mudança, mas não apresenta uma trama precisa.
Orff optou por compor uma música inteiramente nova, embora no manuscrito original existissem alguns traços musicais para alguns trechos. Requer três solistas (uma soprano, um tenore um barítono), dois coros (um dos quais de vozes brancas), pantomimos, bailarinos e uma grande orquestra (Orff compôs também uma segunda versão, na qual a orquestra é substituída por dois pianos e percussão).
A obra é estruturada em prólogo e duas partes. No prólogo há uma invocação à deusa Fortuna na qual desfilam vários personagens emblemáticos dos vários destinos individuais. Na primeira parte se celebra o encontro do Homem com a Natureza, particularmente o despertar da primavera - "Veris laeta facies" ou a alegria da primavera. Na segunda, "In taberna", preponderam os cantos goliardescos que celebram as maravilhas do vinho e do amor(“Amor volat undique”), culminando com o coro de glorificação da bela jovem ("Ave, formosissima"). No final, repete-se o coro de invocação à Fortuna ("O Fortuna, velut luna”).
https://www.youtube.com/watch?v=QEllLECo4OM
Carmina Burana - O Fortuna, Imperatrix Mundi
Em latim | Em português |
O Fortuna, | Ó Sorte, |
Velut Luna | És como a Lua |
Statu variabilis, | Mutável, |
Semper crescis | Sempre aumentas |
Aut decrescis; | Ou diminuis; |
Vita detestabilis | A detestável vida |
Nunc obdurat | Ora oprime |
Et tunc curat | E ora cura |
Ludo mentis aciem, | Para brincar com a mente; |
Egestatem, | Miséria, |
Potestatem | Poder, |
Dissolvit ut glaciem. | Ela os funde como gelo. |
Sors immanis | Sorte imensa |
Et inanis, | E vazia, |
Rota tu volubilis | Tu, roda volúvel |
Status malus, | És má, |
Vana salus | Vã é a felicidade |
Semper dissolubilis, | Sempre dissolúvel, |
Obumbrata | Nebulosa |
Et velata | E velada |
Michi quoque niteris; | Também a mim contagias; |
Nunc per ludum | Agora por brincadeira |
Dorsum nudum | O dorso nu |
Fero tui sceleris. | Entrego à tua perversidade. |
Sors salutis | A sorte na saúde |
Et virtutis | E virtude |
Michi nunc contraria | Agora me é contrária. |
Est affectus | Dá |
Et defectus | E tira |
Semper in angaria. | Mantendo sempre escravizado |
Hac in hora | Nesta hora |
Sine mora | Sem demora |
Corde pulsum tangite; | Tange a corda vibrante; |
Quod per sortem | Porque a sorte |
Sternit fortem, | Abate o forte, |
Mecum omnes plangite! | Chorai todos comigo! |
Bibliografia
- Piervittorio Rossi (org) Carmina Burana. Texto latino a fronte, Milano, Bompiani, 1989.
Nenhum comentário:
Postar um comentário